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Sunday, March 18, 2012

Fatos culminantes para a Ereção da Administração Apostólica
 
No Jubileu de 2000, a Providência Divina começou a dispor a regularização do episcopado de Dom Licínio. Ele mesmo incentivou a participação de representantes nossos na peregrinação do Ano Jubilar, da que a princípio ele também participaria. A Peregrinação acabou por chamar a atenção da Santa Sé e fazer com que ela abrisse as portas para o diálogo, que terminou com o nosso reconhecimento.

      Começaram então as conversações que foram dirigidas por S. Eminência o Cardeal Darío Castrillón Hoyos, Prefeito da Congregação para o Clero. Em carta dirigida ao Eminentíssimo. Sr. Cardeal, Dom Licínio dizia: "É por motivo de saúde que não estou participando pessoalmente das tratativas.... Estou sendo informado de todos os pressupostos e condições que estão sendo tratadas através de meu enviado e representante, Pe. Fernando Arêas Rifan."

      Apenas a Santa Sé ofereceu a oportunidade de regularização, Dom Licínio afirmou: "acabou-se o estado de necessidade!" Como ele explicava, isso não significa que se acabou a crise na Igreja. Ela continua e a luta também. O que terminava, com a oferta da Santa Sé para a nossa regularização, era a necessidade de conservar um bispo sagrado contra a vontade do Papa, quando este mesmo oferecia o reconhecimento da Sagração de um Bispo para a Missa Tradicional. E ele tudo fez para que as conversações com a Santa Sé chegassem a bom termo.

      Por determinação expressa de Dom Licínio, seu representante em Roma, Pe. Fernando Arêas Rifan, deu continuidade às tratativas, apesar das pressões daqueles que se obstinavam em continuar separados de Roma. "... Declaramos que não podíamos recusar a oferta que Roma nos fazia enquanto nada constasse em suas propostas que repugnasse aos princípios da Tradição."

      A 18 de setembro de 2001, o representante de Dom Licínio, o mesmo Pe. Fernando, entregou ao Papa a carta a ele dirigida por Dom Licínio e seus padres da União Sacerdotal S. João Maria Vianney:

      "Beatíssimo Padre,
 
Embora sempre nos tenhamos considerado dentro da Igreja Católica, da qual nunca jamais tivemos a intenção de nos separar, contudo, devido à situação da Igreja e a problemas que afetaram os católicos da linha tradicional, que são do conhecimento de Vossa Santidade e cremos, enchem seu coração e o nosso de dor e angústia, fomos considerados juridicamente à margem da Igreja.

      É esse o nosso pedido: que sejamos aceitos e reconhecidos como católicos".
 
      Em dezembro de 2001, apesar de se sentir um tanto debilitado, pôde realizar em Bom Jesus sua última ordenação sacerdotal, ordenando o Pe. Everaldo Bon Robert e Pe. José Carlos Gualandi Degli Esposti. Por não se sentir bem, Mons. Henrique Conrado Fischer leu o seu sermão, que começou com as seguintes palavras: "Com a graça de Deus e a proteção de Nossa Senhora consigo reunir minhas forças e realizar essas ordenações sacerdotais. Faço-o, como sempre, para a glória de Deus, honra da Santa Igreja e salvação das almas." E dirigindo-se aos ordenandos, dizia: "Continuareis a Santa Missa de sempre, continuareis a renovação incruenta da Cruz redentora de Nosso Senhor diante de um mundo paganizado, materialista e edonista; dareis a mais preciosa contribuição para a continuação da Santa Igreja que o espírito protestante tende a destruir, dareis a Deus toda a glória que Lhe é devida e salvareis muitas almas... até o dia ansiosamente esperado da "restauração de todas as coisas em Cristo". Que nada vos detenha na consecução de bens tão altos: nem as dificuldades habituais, inerentes a sagrada missão, nem as tão excepcionais da hora presente."
      No Natal de 2001 recebeu a notícia da assinatura da carta do Papa antes da Missa do Galo. Sua alegria foi grande, mandou os Padres e Seminaristas cantarem, no final da Missa, o Te Deum de ação de graças.
 
 
      Na carta autógrafa, o Santo Padre dizia: [/i]"Foi com a maior alegria que recebemos a tua Carta de 15 de agosto último, com a qual a inteira União renovou a própria profissão de fé católica, declarando plena comunhão com a Cátedra de Pedro, reconhecendo "o seu Primado e governo sobre a Igreja universal, pastores e fiéis", e afirmando, igualmente: "por nada deste mundo, queremos nos dissociar da Pedra sobre a qual Jesus Cristo fundou a sua Igreja".
      Tomamos nota, com vivo regozijo pastoral, do vosso propósito de colaborar com a Sé de Pedro na propagação da Fé e da Doutrina Católica, no zelo pela honra da Santa Igreja - que se ergue como «Signum in nationes» (Is 11,12) - e no combate aos que tentam destruir a Barca de Pedro, inutilmente porque «as portas do inferno não prevalecerão contra Ela». (Mt 16,18). Damos graças ao Senhor, Uno e Trino, por tão boas disposições!"[/i]
      A hora da graça

      A Carta resposta do Santo Padre foi publicada na memorável cerimônia do dia 18 de janeiro de 2002, na Catedral Diocesana de Campos. Cerimônia oficiada por S. Ema. O Cardeal D. Darío Castrillón Hoyos, na qual o Santo Padre regularizava o episcopado de Dom Licínio, erigia a Administração Apostólica Pessoal "São João Maria Vianney" e nomeava Dom Licínio Administrador Apostólico.

Terminada a cerimônia Do      Licínio disse aos padres: "Agora já posso cantar o meu "nunc dimittis" (Podeis, Senhor, deixar partir em paz vosso servo)". De fato, foi sempre essa sua disposição: "Recebi o episcopado de emergência, declarei que esperava que as circunstâncias haveriam de mudar e então eu entregaria ao Papa o meu episcopado para que ele dispusesse como ele desejasse"

      E o Santo Padre dispôs de maneira extremamente benévola, nomeou Dom Licínio Administrador Apostólico, ou seja, seu representante imediato no governo da nova circunscrição eclesiástica, a Administração Apostólica.

      "Foi o nosso amor a Roma e ao Papa, nosso senso católico, fruto da formação que recebemos de D. Antônio de Castro Mayer, que nos levou a sempre desejar a união com a Hierarquia da Santa Igreja. Sempre tivemos consciência de que a nossa posição de resistência pro Tradição e conseqüente situação de exceção deveria ser circunstancial, temporária."

      Sobre a importância da Administração Apostólica, Dom Licínio dizia: "Foi uma grande vitória para a Santa Igreja. Agora temos uma circunscrição eclesiástica, oficial, aprovada pela Santa Sé, com o direito da Missa e disciplina litúrgica tradicionais. Te Deum laudamus!"

      Logo após o reconhecimento seu estado de saúde decaiu notavelmente, mesmo assim, com grande sacrifício, pôde celebrar a missa crismal. A partir desta época já não podia mais celebrar diariamente a Santa Missa.

      Missão cumprida

Como Administrador       Apostólico, D. Licínio se dirigiu ao Santo Padre pedindo um Bispo coadjutor, pois já sentia suas forças definharem e via o vasto campo de trabalho que se apresentava.

      Em 28 de junho ele recebeu a grata notícia da Nunciatura Apostólica comunicando que o Santo Padre o Papa João Paulo II nomeava bispo coadjutor da Administração Apostólica, o Pe. Fernando Arêas Rifan. Na ocasião dizia: "Agora tenho duas bengalas!"

      Após esta notícia, notou-se uma relativa melhora no seu estado de saúde: a Providência preparava sua presença na Sagração.No dia 3 de agosto, celebrou pela última vez a Santa Missa.

      Para a surpresa de todos, no dia 18 de agosto de 2002, D. Licínio não só esteve presente na Fundação Rural de Campos, mas também participou da cerimônia da Sagração Episcopal de D. Fernando como Co-sagrante. No fim da cerimônia, com lágrimas nos olhos e voz trêmula disse a D. Fernando, ao cumprimentá-lo: "Graças a Deus!" Palavras ditas num sentimento de missão cumprida: a situação regularizada, a sucessão garantida.

      Apesar da debilidade, D. Licínio sempre presidia a reunião do clero e mostrava aos padres sua satisfação e tranqüilidade com a ajuda que Dom Fernando passou a prestar-lhe.
      Fase final da enfermidade

      Durante toda a enfermidade, o Sr. Lélio, irmão de D. Licínio, juntamente com a esposa D. Maria José, bem como os demais irmãos e parentes, proporcionaram-lhe grande conforto. Dom Licínio se sentia também muito confortado com a presença e os inúmeros cuidados da família Barreto, de suas concunhadas.

      Durante toda a sua enfermidade, Dom Licínio demonstrou também uma profunda gratidão para com todos aqueles que lhe prestavam serviços: seminaristas, padres, médicos e enfermeiros dos diversos hospitais por onde passou.

      Com muita tranqüilidade e realismo falava da sua doença. Nunca deixou que no hospital tomassem a vez de outro doente, sempre dizia: "Tem gente aqui que sofre muito mais do que eu". Nunca negligenciou os meios ordinários no seu tratamento, se submetia a todos, mesmo aos mais dolorosos e incômodos.

      No dia 8 de dezembro, festa da Imaculada, pediu a Extrema-unção que lhe foi administrada por seu confessor, Mons. Henrique Conrado Fischer.
      Últimos dias

      13 de dezembro: D. Licínio deixou o Seminário sabendo que não voltaria mais. Pediu para levar o seu velho terço que o acompanhou por mais de 40 anos, seu desejo era ser enterrado com ele.

      No dia 14 de dezembro, o Pe. Emanuel José Possidente levou-lhe o Santo Viático.

      No dia seguinte pôde comungar novamente, mas logo se sentiu mal. Com muito medo de que, com as náuseas, perdesse a Nosso Senhor, suplicou: "Virgem Maria, guardai o meu Jesus!". O quadro se agravou: começou a aumentar a falta de ar. Ainda neste dia, sentindo faltar-lhe o ar desta terra, dizia: "Virgem Maria, vinde em meu socorro." Neste momento tão difícil, D. Licínio gozava da presença de D. Fernando, Pe. José Possidente, Mons. Fisher e outros padres. "Quando virá, Senhor, o fim?" - suspirava.

      Na madrugada do dia 16 a morte parecia acercar-se. Em momentos de muita dor, muita falta de ar, não deixava de rezar pequenas jaculatórias. Espontaneamente dizia: "Não quero adiantar a hora... E oferecia seus sofrimentos: Pela conversão dos pecadores, perseverança dos justos, pelas Santa Igreja, pelas necessidades da Tradição." Sub tuum praesidium... (Debaixo da vossa proteção nos refugiamos, ó Santa Mãe de Deus...") era a oração mais repetida nas horas de dor, palavras que foram o seu lema episcopal. E repetindo várias vezes disse: "In te, Domine, speravi... in te, Domin,e speravi... non confundar in aeternum… Em Vós, Senhor, esperei... não serei confundido eternamente. Foram estas as suas últimas palavras.
     

      Às 23:30 do dia 16, D. Licínio entregou santamente sua alma a Deus. Verdadeiramente D. Licínio poderia fazer suas as palavras de S. Paulo: "Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé!"

      O último adeus

      Cuidadosamente revestido de todos os paramentos episcopais, o corpo de D. Licínio foi trasladado ao Seminário, onde foi velado. O corpo foi recebido pelos padres e seminaristas que logo começaram as orações em seu sufrágio e a celebração das Missas de corpo presente.

      Às 9:00 hs. o féretro saiu em direção à igreja de Nossa Senhora do Terço, onde foi velado até às 15:00 hs. D. Fernando celebrou a Santa Missa Pontifical e oficiou também as Exéquias. Estiveram presentes D. Roberto Gomes Guimarães, exmo. Sr. Bispo Diocesano, Mons. Joaquim Ferreira Sobrinho, Vigário Geral da Diocese, todos os padres da Administração Apostólica, alguns padres e Seminaristas da Diocese, religiosas, e grande número de fiéis.

      "Deus tem seus caminhos..." A providência divina nos prepara surpresas. Sob o olhar de Nossa Senhora de Lurdes, D. Licínio começou sua aproximação com Deus, Ela mesma o atraiu à vida religiosa... É também sob o olhar de Nossa Senhora de Lurdes que seu corpo foi velado, Nossa Senhora vem a seu encontro para levá-lo para a eternidade.

      Terminadas as cerimônias exequiais, seu corpo foi levado em um grande cortejo até o cemitério do Caju.

      Dom Licínio havia manifestado a D. Fernando e aos padres o desejo de ser sepultado na Igreja Principal, na Igreja do Imaculado Coração de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, e pediu que também D. Antônio fosse levado para lá. Provisoriamente os restos mortais de D. Licínio descansam no cemitério do Caju, na capela da Ordem Terceira do Carmo, ao lado de Dom Antônio.

      Dom Licínio deixou para todos os que o conheceram um exemplo de humildade, simplicidade, desapego das coisas do mundo, prudência, fortaleza e amor à Igreja.

      Vossa Cruz peitoral é preciosa,
      É de ouro
      Mas o vosso tesouro
      Se oculta sob os véus desta jóia bendita:
      Deus reserva no céu
      Pra quem morre na graça,
      Beber de sua taça,
      O prêmio da visão,
      A paz do coração,
      A alegria que não
      Há de findar jamais, porque é infinita.
      Tal seja a vossa dita!
     

      (Homenagem do Pe. Emanuel José Possidente)
      Dever de gratidão

Por mais de dez anos, Dom Licínio exerceu para conosco o papel de Pai, Guia e Mestre. Sua vida foi toda dedicada à salvação das almas. Não deixemos de retribuir toda a sua dedicação com a nossa oração em sufrágio de sua alma.

      [i]"Ó Deus, que chamastes ao ministério episcopal o vosso servo Dom Licínio Rangel, colocando-o entre os sucessores dos Apóstolos concedei-lhe também associar-se a eles no convívio eterno. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém." [/i/ 
 
fonte : Adapostolica

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